(OS INTOCÁVEIS EM AÇÃO! (terceira parte)
. |
. |
[Policia-br] Petista revela esquema de corrupção no Partido
- From: Maciel
- Subject: [Policia-br] Petista revela esquema de corrupção no Partido
- Date: Fri, 18 Oct 2002 09:59:48 - 0700
PETISTA REVELA ESQUEMA DE CORRUPÇÃO DO PARTIDO Luiz Maklouf Carvalho [ Jornal da Tarde - 26 / 05 / 97 ] "Lula, no mínimo, no mínimo foi conivente com todo esse processo" Paulo de Tarso Venceslau
|
Está aqui, a cavaleiro, para fazer graves acusações à direção nacional do Partido dos Trabalhadores - talvez as mais graves em toda a sua história -, um quadro político que carrega nas costas, com muito orgulho, uma decisiva participação naquela que foi a maior façanha da luta armada na época da ditadura militar, o seqüestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, a 4 de setembro de 1969. O ex-guerrilheiro da Ação Libertadora Nacional (ALN), preso político torturado, com cinco anos e meio de cadeia no lombo, chama-se Paulo de Tarso Venceslau, tem 53 anos, é economista, quadro petista respeitado e pertence ao conselho editorial da revista do partido, Teoria & Debate. Já foi secretário de Finanças de duas das mais expressivas administrações petistas - as prefeituras de Campinas (gestão Jacó Bittar - 89/92) e São José dos Campos (gestão Ângela Guadagnin - 93/96) e ocupou uma diretoria da CMTC na gestão da prefeita Luiza Erundina (89/92).
Tem, portanto, além de qualificadas informações internas, autoridade, cacife, coragem e respaldo para dizer o que vai dizer sobre a corrente política que hoje detém a hegemonia da direção do PT - leia-se Articulação - e sobre os dois mais importantes dirigentes do partido: Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente de honra, e José Dirceu de Oliveira e Silva, o Zé Dirceu, presidente de direito. Registre-se aqui, antes que Paulo de Tarso desengatilhe sua metralhadora, uma singular ironia da história - a de que o seqüestro de Elbrick, pelo qual ele e outros guerrilheiros arriscaram a vida, tinha, como objetivo principal, libertar da cadeia lideranças universitárias, entre elas José Dirceu. Foi o seqüestro que o levou para o exílio - como um dos quinze presos políticos trocados pelo embaixador.
Na longa entrevista que se segue, toda ela gravada, Paulo de Tarso vai dizer que o PT tem uma banda podre. Regida por dois maestros - Lula e Zé Dirceu -, afinada pelo trabalho dos "bate-paus" Paulo Frateschi e Paulo Okamoto (a quem também chama de "coletor" do dinheiro público) e azeitada pela omissão de músicos ilustres da cúpula do partido.
Por que Paulo de Tarso vem a público para tão severas acusações?
Porque, segundo ele, todas as instâncias máximas do PT ignoraram solenemente, por pelo menos dois anos, denúncias fundamentadas e auditadas contra uma empresa privada que presta serviços sem licitação a diversas prefeituras do partido.
A empresa chama-se Consultoria para Empresas e Municípios (CPEM) e, como a entrevista deixará sobejamente claro, tem ligações no mínimo nebulosas com uma pessoa muito cara (sem trocadilho) a Lula: o bem-sucedido empresário Roberto Teixeira, aquele que entre outros favores diversos lhe empresta até hoje a confortável casa em que mora de graça há oito anos (o aluguel, pelos preços de mercado, está em torno de R$ 1.400 mensais). Roberto Teixeira é compadre de Lula - padrinho de seu filho caçula, Luís Cláudio.
O compadre Teixeira e a CPEM cruzaram o caminho de Paulo de Tarso em 1990 - quando era o secretário de Finanças do prefeito de Campinas Jacó Bittar. Roberto Teixeira estava lá, no gabinete do então petista, para vender a contratação da CPEM, sem licitação, e faturar alguns milhões de dólares. Oferecia um trabalho técnico de alavancagem do ICMS - em tese útil -, mas se recusava a entrar no processo licitatório. Paulo de Tarso não concordou - e Jacó o trouxe a São Paulo, para uma reunião com o compadre Lula, que então se revelou um árduo defensor da contratação pleiteada pelo compadre Teixeira. Paulo de Tarso achou estranho, mas em Campinas a CPEM não levou.
O tempo passa, a barba cresce, e temos que em 1993 o economista é indicado por Aloízio Mercadante e José Dirceu para a Secretaria de Finanças de São José dos Campos, prefeitura petista de Ângela Guadagnin. Quem aparece? A CPEM. E desta vez como a maior credora da prefeitura. Entenda-se: por contrato celebrado com a administração anterior, de Pedro Ives, do PRN, o partido do presidente Fernando Collor de Mello, a CPEM já tinha levado US$ 10,5 milhões - e ainda era credora de mais US$ 5,5 milhões. Paulo de Tarso sustou imediatamente o pagamento do cheque. Desconfiado, vasculhou a documentação, descobriu uma série de fraudes, acionou o Ministério Público, pediu uma auditoria independente. O imbróglio foi noticiado à época - mas então, por se tratar de ano eleitoral, Lula candidato a presidente da República, Paulo de Tarso calou-se sobre os bastidores.
Os quais, agora revelados, acusam a participação direta de Lula em negociações que visavam a proteger a CPEM e o compadre Roberto Teixeira, garantindo-lhes a fortuna de que se achavam credores e permitindo, assim, que parte dela fosse desviada para os cofres do PT. Segundo Paulo de Tarso, o "bate-pau" (palavras dele) Paulo Okamoto, responsável pelas finanças do partido desde 1989, foi informado passo a passo das denúncias que iam sendo apuradas contra a empresa representada pelo compadre Roberto e seu irmão Dirceu Teixeira.Quando a coisa engrossou, Paulo de Tarso sofreu uma estranha ameaça - o carro em que estava foi bruscamente fechado na Rodovia dos Trabalhadores -, ouviu que Lula e a Articulação estavam com ele por aqui e foi ao próprio Baiano (apelido com que tratava Lula) acertar os ponteiros, mostrar seu dossiê contra a CPEM, explicar que ela era uma empresa inidônea, que estava lesando os cofres públicos.
Sempre segundo Paulo de Tarso - que dentro do partido é carinhosamente tratado por PT -, Lula mandou-o conversar com o compadre Teixeira e com o irmão Dirceu, sempre eles a aparecer quando a CPEM estava na parada.
A história é longa, como verá o leitor. PT, o ex-guerrilheiro da ALN, foi rifado da administração de Ângela. Passou então a lutar para que as instâncias máximas do partido investigassem suas denúncias - de resto cacifadas pela condenação judicial da CPEM a devolver os US$ 10,5 milhões aos cofres de São José dos Campos e, ainda mais, pelo relatório da auditoria independente Boucinhas & Associados. A conclusão do relatório diz: "A remuneração paga à empresa contratada para recuperação do índice de participação do município foi maior que a devida." Mesmo assim Paulo de Tarso não conseguiu nada.
A 23 de março de 1995 foi a um cartório e registrou uma carta endereçada ao presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Luiz Inácio Lula da Silva. É uma carta séria - que vai publicada na íntegra na página seguinte -, mas mesmo assim, sempre segundo Paulo de Tarso, nenhuma providência foi tomada. A carta foi enviada às mais ilustres lideranças do partido - incluindo senadores, deputados federais, executiva nacional e diretório nacional. Não deu em nada.
No último dia 9 de abril - "em comemoração aos dois anos de aniversário de absoluto silêncio e conivência com as falcatruas de nossos dirigentes", como grafou num PS ao pé do texto original - a carta foi novamente enviada. "Nada, nada e nada", diz ele. O silêncio foi rompido como a entrevista que se segue.
JT - Em 1995 você manda, via cartório, uma carta ao então presidente do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, com uma série de denúncias relativas às prefeituras do partido, especialmente a de São José dos Campos, onde você foi secretário de Finanças. Qual era o conteúdo básico dessa carta, e o que foi que aconteceu de lá para cá?
Paulo de Tarso Venceslau - A carta foi registrada em cartório em março de 95 - e se refere a fatos acontecidos durante o ano de 93. Fatos acontecidos na prefeitura de São José dos Campos, onde eu era secretário da Fazenda.
Por que você não tornou esses fatos públicos naquela ocasião?
Primeiro porque estávamos no final de 93, já iniciando praticamente o período eleitoral de 94. Eu, na minha formação de esquerda, não tenho vocação pra levar água pro moinho da direita. Esse foi o fator mais importante: evitar que a direita fizesse uso de algumas informações delicadas sobre fatos em São José dos Campos. 95 era um ano não eleitoral - e eu praticamente já tinha esgotado todos os encaminhamentos dentro da estrutura partidária.
Que encaminhamentos?
Eu já tinha duas pessoas que em tese estariam me representando no Diretório Nacional - duas pessoas por quem eu tinha o maior respeito e acreditava que iriam levar o caso pra frente.
Quem eram?
Um era o Aloízio Mercadante e o outro era o Gilberto de Carvalho. O Aloízio é conhecido: foi candidato a vice do Lula, deputado federal muito bem votado, com um papel muito grande no impeachment do Collor e meu amigo de velhos carnavais. Gilberto eu conheci mais na militância, junto aos trabalhos populares, e é uma pessoa que eu reputava de uma integridade muito grande, porque tinha o cargo efetivo, que era o de secretário-geral do PT. Eu achava que com essas duas pessoas eu estaria bem representado.
Por conta disso você ainda acreditava numa solução interna?
Acreditava, porque eu sempre tive uma formação política muito disciplinada. Eu não encaminhei nada fora das estruturas partidárias - e nesse processo eu sofri algumas grandes decepções.
Qual é o núcleo central das acusações que você faz nessa carta?
O envolvimento de uma empresa, chamada Consultoria para Empresas e Municípios (CPEM), com base em São Bernardo do Campo. Quando eu assumi a Secretaria da Fazenda de São José dos Campos, essa empresa era a maior credora. Eu já conhecia essa empresa dos tempos em que fui secretário da Fazenda de Campinas, à época do prefeito Jacó Bittar, então do Partido dos Trabalhadores. Em Campinas eu sofri pressões para a contratação dessa empresa e não contratei.
Que tipo de pressão?
A pressão era que fosse contratada sem licitação - simplesmente por notória especialização. E isso por um serviço que o corpo técnico da prefeitura, com contabilistas de segundo grau, tinha condições de fazer.
De quem é essa empresa, a CPEM?
É de um pessoal de São Bernardo do Campo. Mas era apresentada nas prefeituras petistas pelos irmãos Teixeira - o Roberto Teixeira e o Dirceu Teixeira. Esses dois personagens é que representavam essa empresa, especialmente o Roberto Teixeira, que era o mais linha de frente, sempre insinuando que era uma empresa que contribuía com o PT e que no fundo o partido sairia beneficiado.
Como foi feita essa pressão em Campinas - à época do prefeito Jacó Bittar?
Essa empresa surgiu em Campinas no início dos anos 90. Eu estava lá desde 89, como secretário de Finanças. No início de 90 eu sou chamado numa reunião no gabinete do prefeito Jacó Bittar, onde se encontrava o sr. Roberto Teixeira, com a proposta de fazer esse trabalho de revisão do valor adicionado, que é o principal componente no cálculo do ICMS.
Colaboração: Adilton Maciel/Cap PMSC
Nenhum comentário:
Postar um comentário
A PALAVRA É MAIS PODEROSA QUE TODAS AS ARMAS, HIPÓCRITAS, CANALHAS E MENTIROSOS JUNTOS.