(através dos estabilizadores automáticos). Chegando em certo ponto, o governo tem de diminuir seu gasto líquido discrecional para evitar que o conjunto da demanda agregada (o gasto total da economia) exceda a capacidade de produção da economia. Se a demanda é rebaixada a essa capacidade, temos inflação. Claro que, quando a inflação irrompe, os governos sempre podem optar pelo aumento dos impostos para contar o gasto privado. Tudo depende do contexto econômico em que se tomem as decisões. Com as idéias de Lerner em mente, aqui está o que em nossa opinião o G20 deveria ter dito: “Uma economia próspera e sensata é, como efeito, um dos fundamentos da segurança nacional, senão o pilar capital (ou ainda a base mesma) de qualquer fundamento. Por isso exigimos de todas as nações que compõem o G20 que ponham em marcha um conjunto completo de medidas que assegurem o emprego e engendrem a garantia de um salário mínimo ou de subsistência para todos os solicitantes. Na Europa, exigimos a suspensão imediata das regras restritivas auto-impostas, incorporadas ao Tratado de Maastricht. Ademais recomendamos a ampliação do Banco Europeu de Investimento para convertê-lo num mecanismo de financiamento que permita às nações com excedentes em conta corrente, como a Alemanha, reciclarem esses excedentes em países da UE com demanda deficiente e com déficits em conta corrente, para que se gere emprego adicional e com ele se facilite um melhor serviço da dívida em benefício de toda zona do euro. Nos EUA, e em caráter imediato, terão que autorizar e pôr em marcha projetos em Detroit e ao largo da costa do Golfo do México, antes que um verão quente e longo traga estragos. A contratação de trabalhadores no Golfo será feita sobretudo com a perspectiva de restauração do meio ambiente, incluindo a maior mobilização do Corpo de Engenheiros do Exército, conhecida na história civil, para mitigar o desastre ecológico que se abate sobre nossas costas. Há que se levar a cabo as retiradas das tropas e um drástico enfraquecimento do estábulo público de que um número sem fim de contratistas privados em matéria de defesa vem se nutrindo desde antes da célebre denúncia do “complexo militar industrial” por parte de Eisenhower. |
Quanto melhor se sirva aos interesses dos banqueiros, tanto pior irá a economia e tanto mais ela será carregada de dívidas. Os lucros dos banqueiros são comprados ao preço da austeridade. De maneira irresponsável e imoral, o Comunicado do G20 ratifica um estado de coisas que, a seguir assim terá para todos nós um preço grave.
Os políticos do G20 e seus aliados do capitalismo financeiro são como abutres que picotam um corpo agonizante. E nós estamos indefesos, porque as instituições desenhadas para servir ao bem público geral foram subvertidas. Estamos engordando os donos dos bônus e os grandes banqueiros às expensas do empobrecimento de toda a sociedade.
É muito difícil evitar conclusões menos sombrias. Nossas elites políticas descobriram que as classes baixas já não importam politicamente. Para quê se interessar pela sorte delas? Este desinteresse está se estendendo agora também às classes médias. As pessoas comuns que poderiam travar a batalha estão tão desmotivadas que não significam, já:
1. A menor ameaça eleitoral, porque nenhum dos grandes partidos políticos na Europa ou nos EUA representa seus interesses (há anos). Resultado: não se paga preço político algum por se acomodarem a este capitalismo predatório desavergonhado.
2. A menor ameaça em termos de poder, porque suas organizações foram destruídas nos últimos 30 anos, e o que está ocorrendo agora na Europa significa o assalto final aos resíduos de Estado de bem estar do século XX (a rede de seguridade social dos EUA foi desmantelada já há muito).
A mensagem do G20 parece ser esta: vamos acabar com o gasto público nacional destinado a sustentar o
Nenhum comentário:
Postar um comentário
A PALAVRA É MAIS PODEROSA QUE TODAS AS ARMAS, HIPÓCRITAS, CANALHAS E MENTIROSOS JUNTOS.