"O que está acontecendo?", questiona Julian Assange sobre a imprensa.
O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, abriu o InfoTrends nessa quinta-feira (01), com a palestra "A Era da Transparência Global". De Londres, por meio de videoconferência, o ex-hacker explicou como funciona a organização que preside e falou sobre o impacto político que o site especializado em divulgar documentos secretos causa. Ressaltou como a ação dos colaboradores é fundamental para colocar, ao alcance da sociedade, informações de interesse público. Além disso, comentou a relação de parceria com a imprensa, os bloqueios que o site recebeu de operadoras de cartões de crédito, e as acusações de ter revelado fontes.
Essa é a primeira vez que o cyberativista interagiu ao vivo com o público brasileiro. Assange, ainda no início de sua fala, fez questão de dizer que gostaria de estar no Brasil e que tem vontade de conhecer o país.
Entre os temas abordados por Assange está a violação do acordo de parceria da imprensa com o WikiLeaks. "O The Guardian e o New York Times violaram nossos acordos e editaram informações que acobertam criminosos".
Sobre o The Guardian, ele mencionou um telegrama com informações sobre a Bulgária, que foi editado para produzir uma matéria. "O Guardian não estava interessado na Bulgária, mas no personagem russo que estava no telegrama, por causa da relação conflituosa do jornal com o país. O jornal retirou dois terços do conteúdo do telegrama, quase todo conteúdo realmente importante. Era o que escondia da população búlgara informações sobre a corrupção de seu governo", disse.
Sobre o assunto, o ativista político entrevistou o editor do jornal. "Ele admitiu que o The Guardiannão podia dar nomes de empresas ou pessoas capazes de processá-los. Seria muito caro para o jornal". E completou. "Na verdade, Londres é uma das capitais com uma imprensa que oculta informações do público em geral".
Sobre o assunto, o ativista político entrevistou o editor do jornal. "Ele admitiu que o The Guardiannão podia dar nomes de empresas ou pessoas capazes de processá-los. Seria muito caro para o jornal". E completou. "Na verdade, Londres é uma das capitais com uma imprensa que oculta informações do público em geral".
Do New York Times, Assange lembrou o caso em que o jornal divulgou que a Coréia do Norte enviou carregamento de mísseis para o Irã. Segundo ele, o telegrama dizia que os coreanos do norte jamais haviam testado mísseis e que, se houve carregamento para o Irã, foi de peças."Essa informação foi retirada pelo jornal", ressaltou.
Ainda sobre o jornal norte-americano, Assange falou sobre uma matéria que os editores impediram de ser veiculada na Alemanha. O conteúdo era basicamente uma lista extraoficial do governo americano, com aproximadamente duas mil pessoas que deveriam ser capturadas ou mortas - e o governo afegão não sabia que o país estava na lista. "É claro que isso é notícia. O repórter Eric Schmidt, da Der Spiegel, revista semanal mais respeitada da Alemanha ia publicar, mas os editores do New York Times acabaram com a matéria e ela nunca foi publicada".
Após citar esses e outros exemplos, Assange fez um questionamento: "O que está acontecendo?". E respondeu em seguida: "Por um lado podemos dizer que é hipocrisia, simplesmente. As organizações que se orgulham em dizer que perseguem e publicam a verdade, são mentirosas. Elas não fazem isso. E quando não publicam a verdade, elas não dizem ao público o que estão ocultando".
Sobre o anonimato das fontes, que colaboram com a organização e tiveram as respectivas identidades não-preservadas, ele enfatizou: "A WikiLeaks jamais revelou fontes, não há acusação crível para isso. Por enquanto, as afirmações de que colocamos pessoas em perigo são falsas. Essa alegação, que somos uma organização irresponsável, é inacreditável".
Para ele, a oferta de fontes "não é um problema", e reconheceu a força da web e dos blogs. "A pessoa pode ter um blog nos EUA, que divulga verdades, mas, se você tiver um veiculo que atinge milhões de pessoas, essa verdade pode ser encoberta por mentiras".
Ainda sobre os dois veículos, Assange comentou que durante as negociações, ele percebeu que há uma grande diferença entre o que a população quer e o os ângulos que são escolhidos pelos grupos de comunicação. "A população é muito menos conservadora", complementou Assange. Apesar das críticas à imprensa ocidental, Assange deixou claro que a relação tem que ser de parceria. "Nós nos opomos à arbitrariedade, a grupos corruptos que tentam utilizar de coerção, força e outras pressões para impedir as pessoas de se comunicar. A maior lição para nós, no jornalismo, no ativismo, é que o importante é nunca deixarmos de agir. Nunca devemos ter medo de declarações do governo ou da sociedade, se testarmos a veracidade dessas informações".
Ele lembrou o começo de seu trabalho, e disse que não tem medo de concorrência. Afirmou incentivar outras organizações a se inspirarem no WikiLeaks. "Fazemos parte desse mundo. E nós queremos ver as pessoas publicando a verdade de todas as formas possíveis", concluiu.
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